A morte espreita-me
por detrás da minha porta,
silenciosa, furtiva,
e tão segura está de entrar,
que sorri.
A morte espreita-me há horas,
e mais cedo
ou mais tarde
vai adentrar e,
arrebatar-me-á
envolvendo-me
com seu negro véu.
Arrastar-me-á,
através do vórtice macabro
viajarei às profundezas.
Sei, pois não me prometeram céu
Não suplicarei. Pois não sei de há.
Mesmo assim;
não deixarei que entre ainda.
Previno-me.
Tampando as frestas
do tempo com o tempo,
acordando as não mais meninas dos olhos,
agora senis senhoras
que cochilam o tempo todo,
e sem vigília, expõe-me.
A morte espreita-me,
E eu a ela.
Tenho a lua minha amante
que também espreita-me
e afugenta a morte com o luar.
Pela veneziana da janela
vi mais uma noite passar em claro.
Vivi.
Mas o olhar... congelado.
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