AMIGOS QUE ME SEGUEM

EU O MUNDO, O MUNDO E EU

30 de novembro de 2009

MANIAS

in voz; José Silveira MP3

Tenho mania de curar
curo meus porres sozinho
...chego e logo preparo um drink;

gelo, suco de tomate,
bastante cachaça, e sal.
mas sem abusar dele,
pois dá hipertensão arterial.



Tenho mania de manhãs,

não consigo abraçá-las sóbrio,
mas saúdo-as com prazer,
entre os raios de sol anunciados.

Tenho mania de família,

mas só me lembro,
na hora em que chego a casa,

aquele lugar...
que eu nunca sou lembrado,
e que muitos chamam de lar,

o meu...
lar caído,
mais parece um pardieiro,
manicômio,
um puteiro
que, aliás, até mais família é.

Tenho mania de loucura,

ultimamente,
faço muitas confusões;

botequim com igreja,
poema com loucura,
patíbulo com pódio.
noite com dia,
deus com diabo,
amor com ódio,
ócio com luta,
noite com dia,
anjo com puta,
sexo com nexo.
côncavo?!...
convexo?!...

Tenho mania de boemia,

viciada,
minha alma vive por aí,
com outras almas
também perdidas
nas sarjetas da lua,
nas sombras das ruas
cheias de manias.

Ontem mesmo
vi-me falando com a garrafa,
disse a ela na intimidade
que não saberia viver sem a bebida,
que só ela me entendia.

E ela me respondeu,

que é raro ter quem te acolha
e prepare o drink de manhã.

disse-me mais;
que estávamos perdidos,
e que só a poesia tinha piedade de nós.

sorri... simplesmente.

Tenho mania de morte,

aí eu faço uma canção,
morro...
depois ressuscito.
esqueço,
esqueço...
que tenho mania de mania.

como agora... mania de poesia!...

28 de novembro de 2009

INVISÍVEL



in voz; José Silveira MP3
http://www.clesioboeira.com/meump3/CDST-invisivel.mp3

O poema
caminhava
pela avenida
congestionada.

Seguia calmo
naquela manhã
ensolarada.

Brisa fresca
batendo no rosto,
mar azul,
água de coco,
jardins floridos.

Gentes,
entremeavam
num ir e vir
desnorteado.

Sereno;
acenou.
sorriu.
chorou.

Invisível...

Esbravejou,
irritou-se,
desnudou-se,
desistiu,
e já sem fôlego...

Inerte;
caiu.

Gentes,
ainda naquele
irritante
vir e ir
desenfreado.

Passavam.
Tropeçavam.
Desviavam,
e seguiam...

Ninguém
percebia...

Que ali,
ao risco de morte,
caído,
jaziam;

o poema,
de mãos dadas
com a última poesia
do dia.

25 de novembro de 2009

DESÍGNIO?...



in voz; José Silveira MP3
http://www.clesioboeira.com/meump3/CDST-designio.mp3

Ela caminhou entre as brumas.
No ventre, um feto, translúcido,
ainda sem alma,
sangue,
músculos,
ossos,
nada.
Apenas fluido, um querer ser, ser.

Era feito de sonhos,
de fantasmas,
de dores,
de aço
à luz do sol refletido.

De prisma
inanimado.
Cristal
multicolorido,
semiprecioso.
Lapidado.

A mulher descansa seus pés nas nuvens.
Entre suas coxas, um ser, um choro.
uma luz...
Aura resplandecente,
Corpo e alma.
Vida própria que reluz.

Ser, amado.
Um filho.
Iluminado,

desígnio de Deus?...

Deu-lhe um pranto que não pára,
a mãe debruçada sobre o mármore frio,
onde suas lágrimas de sangue coagularam.

Nas mãos, dor, desesperança de justiça.
Tarde!...
Não mais cala o estampido,
não retrocede o projétil
da direção sem sentido.

Nem o grito, nem o gemido.

Um corpo caído
ferido de morte.

Um choro sentido,
um choro sentido...

Um cristal quebrado,
lume apagado,
um menino morto.

Um olhar perdido,
um olhar perdido...

24 de novembro de 2009

CANTO SOLITÁRIO



in voz; José Silveira
http://www.clesioboeira.com/meump3/CDST-canto-solitario.mp3

Entre o brilho das bordas
dos castelos prateados,
onde brancas nuvens dançam,
pousadas nas pedras
negras da montanha,
de sopé com cerração.

Meus olhos viram.

Raios fantasmagóricos
rasgando o céu,
rompendo em esplendores
dourados de sol,
morno e sonolento.

Era manhã e choveu.

Na mata alta, ainda era breu,
havia o verde na penumbra
e o chilrear da passarada
e o canto do Bem-te-vi.
Sempre ele, o Bem-te-vi.

Bem-te-vi... Bem-te-vi...

E o sol deslizou manhoso.
Da mata breu, o verde nasceu,
verde molhado porque choveu.
Choveu, molhou, inda assim coloriu,
coloriu depois que amanheceu.

Sorriso de pouco tempo

O sol cresceu, o sol cresceu,
secando o verde da mata breu,
morreu, e a passarada morreu,
morreu toda a passarada
na terra que não mais choveu.

Sofri, sofri, quanto sofri!

Pois a seca não cedeu.
Só mais longe é que choveu,
voltou o verde da mata breu,
não voltou a passarada.
Mas um canto me fez sorrir.

Ele voltou.
Não morreu.

O Bem-te-vi.

Bem-te-vi... Bem-te-vi...

23 de novembro de 2009

O SABIÁ SABIA ASSOBIAR


in voz; José Silveira
http://www.clesioboeira.com/meump3/CDST-o-sabia-sabia-assobiar.mp3

Curumim de olhar miúdo,
esverdeou
dentro da mata
cerrada.

Raios de sol
filtravam multicoloridos
entre as folhas e galhos
do tutor centenário.

Visão fantasmagórica
da natureza incólume.
Um mundo verde,
palco do imenso teatro.

Reino fábula ou verdade,
do Saci,
do Curupira,
e da Iara.

Apagados.

De lá,
junto aos trinos,
eu ouvi essas histórias,
e não me sai da lembrança
desde que eu era menino.

Previa-se o fim do verde...
Eu sabia...
Eu sabia que o sabiá sabia assobiar.

Aí...
Ouvi um canto de lamento,
vindo da floresta devastada.

18 de novembro de 2009

IMPERFEIÇÕES


in voz; José Silveira


Na, minh’alma
submersa...
esconde um ser, sem retrato
se faz indefinido esse traço,
ora translúcido, ora opaco.

Na, minh’alma
dispersa...
habita um ser, displicente
desdenha, deserta e mente
sempre que preciso de mim.

Na, minh’alma
há loucura...
regurgito-a na voz rouca,
sufoca-me quando declamo,
impedindo que ela me ouça.

Na, minh’alma
impura...
transbordante de candura,
germina poesia, bem regada,
que escorre pelas sarjetas da lua.

Na, minh’alma
vagabunda...
descobri que há um ser que ama,
que sabe do amor toda a trama,
e de onde tudo oriunda.

Na, minh’alma
cedente...
habita um ser, que quer ser selva,
na imperfeição, é simples relva,
e basta, pra que tu não pises no chão.

Na, minh’alma
há emoções...
aliás; é a única coisa
em mim impregnada,
com algumas perfeições.

16 de novembro de 2009

OUTRO INDIGENTE


in voz; José Silveira
http://www.clesioboeira.com/meump3/CDST-%20outro%20indigente.mp3

Murmúrios
da fome.
Palavras nulas.
Sem travessão,
sem interrogação,
sem exclamação,
vírgula...
Com ponto final.
Palavras
emudecidas.
Apenas
um olhar,
driblando-as.
a do Retirante
cambaleante.
Sem prumo,
sem rumo,
Arrastando,
o que lhe resta.
Na fresta da vida,
na sarjeta.
cai.
Sobre o ombro,
o peso do olhar,
extático.
Olhar refletido,
na vitrine
do bar,
no mar.
Por passantes;
é pisado,
cuspido,
humilhado.
um corpo;
alheio,
inerte,
caído.
Óbito refletido
na vitrine do bar,
refletindo...
um morto,
velado
pela brisa
do mar.

13 de novembro de 2009

RASCUNHOS DE MIM





in voz; José Silveira


Há aqui, um cesto de papéis,
Do lado da minha escrivaninha.
Há bolas disformes, amassadas,
Lixo das idéias minhas.

E em cima da mesa, há,
Lápis, canetas e uns tinteiros,
Folhas alvas abandonadas, e é só.
Nada mais que seja alvissareiro.

Há um poeta aqui sentado,
Nesta fria cadeira giratória,
Tentando fazer um retrospecto
Do que é sua vida, sua história.

Olho para o cesto de papéis,
Bem ao lado da minha escrivaninha.
As bolas amassadas, aqui estão.
Meus restos recusados de memória

O poeta está só, sinto-me só,
Fugiu de mim, até a poesia.
Sou como as folhas amassadas,
Agora sem nenhuma serventia.

11 de novembro de 2009

GOSTO DO GOSTO DA SAUDADE

in voz: José Silveira
http://www.clesioboeira.com/meump3/CDST-gosto%20do%20gosto%20da%20saudade.mp3




Tempos de menino.


Desconhecia as diferenças,

dos perigos espreitados da vida.

Mas talvez não as demências,

das ralhas dos velhos da família

Se é que velhos seriam!

Pois hoje sei o que é ser;

avô, avó, tio e tia.


Mãe e pai.


Piamente acreditava,

[ainda acredito]

Que nunca envelheceriam.

Para sempre; santas e heróis

Sendo assim; velhos jamais.


Mais os farrapos do baú

ficaram a mostra.

Não senti,

mas o tempo havia passado.

Moveu a roda da mó,

e o riacho o moinho,

que movia o monjolo

dia e noite, noite e dia.

para pilar o café

fazendo canjica quebrada

'pros passarinhos bicar'.


Ah! cheiro bom...

Perfumando a pradaria.


Passa aqui,

um filme na minha cabeça.


O carro de boi na estrada,

rangendo a roda ao vento.

Um canto, mais um lamento

ecoando na minha terra,

chão pisado de boiada,

barro ocre lamacento.


Liga não, dessa voz embargada.

É que a noite vem calada


e de chorar, dá vontade.


gosto do gosto da saudade,

do brilho nos olhos que isso traz.

Gosto do alumiar dos pirilampos

nos campos férteis da memória.

gosto de gostar disso,

de ser velho,

de tomar essa atitude,

dar adeus a juventude...

E ficar pra outra história.

8 de novembro de 2009

ENFIM, AMANHECEU

in voz; José Silveira
http://www.clesioboeira.com/meump3/CDST-enfim,%20amanheceu.mp3




É de manhã.


Respiro fundo.

Abro a janela

sorrateiramente.

Aproveito e;

revivo

meus pensamentos.

Os obscuros.

Tento

apagá-los.

Se,

da vida.

Se,

da morte.

Se,

do sonho,

Se,

da realidade.

Não importa.

Conseguirei.

Não

lembrarei mais.

Mas arrepio-me

do voltar

da noite.

Quando eu...

Percorro

o imenso

retângulo.

A cama.

E faço do

travesseiro

meu

confessor.

E choro

de amor.

ADÔNIS



in voz; José Silveira
http://www.clesioboeira.com/meump3/CDST-adonis.mp3

Acorda.

Da janela,

bela manhã.

Sol brilhante,

moldura celeste.

Levanta-se.

Barbeia-se.

Perfuma-se.

Veste-se

do seu melhor;

de azul.

Pés nus.

À mesa,

a garrafa.

Do gargalo,

o primeiro trago.

Bela manhã!

Apossa-se da pena.

Sorri.

Do cabeçalho,

em caixa alta,

segue escrevendo.

Voando errante,

além da imaginação.

O poeta elegante.

7 de novembro de 2009

TORTURADO




in voz; José Silveira 
http://www.clesioboeira.com/meump3/CDST-torturado.mp3
 
Eu,

Não sei mais quem sou.

Tenho mãos a ferro.

E entre ferros,

Pouso o meu rosto.

Covardemente imolado,

Transfigurado,

Amargurado.

Dor.

Não me incomoda mais,

É o menor dos sofrimentos.

Entrelinhas,

Esperança.

Ou melhor.

Não querer,

Esperança.

Talvez.

Nada querer,

Nem esperança.

Assim.

Fico livre de desejos.

Fico eu.

6 de novembro de 2009

POR ISSO...


in voz; José Silveira
http://www.clesioboeira.com/meump3/CDST-por-isso.mp3

Minha casa é de samba
e o terreiro é de festas
um lugar de alegria
isso é bom e bem normal
o cardápio é o de sempre
e bastante trivial
todo mundo come e bebe
e ninguém sai falando mal.

Cachaça, cerveja e bela poesia
me aquece o coração
depois tem amor, cafuné e chamego
e um tira gosto
que afasta o tal do desgosto
e libera a emoção.

Mas, eu não posso esquecer
para o samba não morrer
tenho que estar sempre aqui
pra bater o meu pandeiro
e tocar o meu tan tan
e o meu cavaco maneiro
eu vou até de manhã.

Menina, me embalo nos teus braços
no meu violão com seus traços
São vocês dois, minhas sinas.

Por isso...
eu não deixo a boemia...

‘vadeio’ na esquina,
que nem Clementina.
tirando uma onda,
de mestre Cartola.
e de Paulinho da Viola,
sou sambista.

Se; tu quiser ‘curtir’ meu samba
Chegue pra roda de bamba
Lá no fundo do quintal.

P R Ê M I O D A R D O S

P R Ê M I O     D A R D O S
Agradeço esta distinção significativamente importante. Pelo prêmio em si, incentivador, assim como; pelo grande prazer de eu ter sido indicado a recebê-lo por iniciativa da poetisa Helen De Rose, que vê no meu trabalho, a possibilidade das minhas modestas contribuições crescerem em prol da escrita, pelos contos, prosas e poesias.

EDIÇÕES, PREMIAÇÕES

'ANTOLOGIA' - "TRAGO-TE UM SONHO NAS MÃOS"

Poesia infantil: Plum, Ploc, Trec, Blem... Viva!

Poesia infantil: Fadas meninas

Poesia infantil: O nariz do pirilampo

Temas Originais Editora - Coimbra, Portugal, 2010



ANTOLOGIA DOS 7 PECADOS

Sobre a 'GULA' : Beijo, Goiabada e queijo

ESAG - Edição BlogToh - Barcelos - Portugal, 2010




ANTOLOGIA DE POETAS BRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS - 49° Volume

Poesia: Faço poesia porque eu não posso dizer que te amo

http://www.camarabrasileira.com.pc49.htm/ - Rio de Janeiro - RJ



ANTOLOGIA DE POETAS BRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS – 46° Volume

Poesia: “Tango a La Rubra Rose” - 2008

www.camarabrasileira.com/pc46.htm - Rio de Janeiro - RJ



ANTOLOGIA DE POEMAS DEDICADOS Edição - 2008

Poesia: “Escrita vazia” - 2008
www.camarabrasileira.com/poemasdedicados2008.htm - Rio de Janeiro - RJ



ANTOLOGIA DE CONTOS FANTÁSTICOS -14° Volume Conto: “O mar está pra peixe, feliz Ano Novo” - 2008

www.camarabrasileira.com/contosfantasticos14.htm - Rio de Janeiro - RJ



ANTOLOGIA POÉTICA, POESIA DA METRÓPOLE

Poesia: "Comparação" - 1991


Litteris Editora - Rio de Janeiro - RJ



DECLARAÇÃO DE AMOR

'Prefácio' , 2010

Câmara Brasileira e Jovens Editores - Rio de Janeiro - RJ



EPISÓDIOS GEOMÉTRICOS (O Livro das Crônicas)

'Posfácio' , 2011

Temas Originais Editora - Coimbra - Portugal



I ENCONTRO DE ESCRITORES - ANDEF
'Palestrante', 2010
Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos

ENTREVISTAS - MENÇÃO QUALIDADE PROSA FEVEREIRO 2009

Site de Poesia

Luso-Poemas - Poemas de amor, cartas e pensamentos

Site de Poesia

Buffering...