AMIGOS QUE ME SEGUEM

EU O MUNDO, O MUNDO E EU

6 de dezembro de 2010

PRA QUÊ FALAR NATAL

Pra que falar de Natal.
Se as luzinhas das árvores
cada vez mais distantes
brilham nos olhos
das muitas pobres crianças.
Inocentes, vitimadas
por ‘miliumas’ atrocidades;
exploração, pedofilia, execração,
pelo vil abandono das famílias.
Ou de outras as fazendo
prostituídas, como meio de vida,
maculando suas infâncias,
condenando-as
a morte, ou sobrevida...

Pra quê falar de Natal.
Se tantas são obrigadas
a pisarem quintais sujos
ao invés de escolas,
ou lares acolhedores
apesar de pobres...
Nada parecido
com o que lhes são impostos
pelas circunstâncias,
e que encontram
debaixo das marquises e viadutos,
quando entregues a má sorte.

Pra que falar Natal.
Essa superficialidade.
Se não há mais consciência,
esquecida que está à essência de;
‘Fraternidade’
nessa contemporaneidade.

Pra que falar de Natal.
Se nada profundamente
é feito no ‘nascer’ de cada dia.

É peremptório...
Tudo seria mais Natal
se fizéssemos fazer luzentes
os corações das crianças;
mais ávidos de pão
do que de festa,
mais ávidos de amor,
do que das luzes
vindas das festas,
mais ávidos de mãos,
que os olhares
cobiçando um brinquedo
através da fresta.
A escuridão
cansam-lhes mais;
a vida pedinte,
a vida drogada,
a vida esmolada,
a vida desgraçada.

Enquanto as fartas mesas exalarão
os perfumes, e os gostos impregnarão
nossas papilas gustativas, e os sorrisos
invadirão as salas iluminadas...
Acordemos no estampido do champanhe.

Pois; pra quê Natal?
Se não enxugamos lágrimas.
Se não aplacamos dores.
Se não espalhamos amores.

22 de outubro de 2010

PSIU! ALICE DORMIU


Na mesma janela.
Mas naquela manhã;
a passarinhada
chilreava mais alto.
As nuvens ligeiras,
apostavam corrida.
O riacho, que de fio d’áqua,
transbordava pelos afluentes.
O céu de tão baixo,
podia ser tocado a ponta de dedo.
E o chão de morno; fervia.
era o inverno em ebulição.
Por força das orações requeridas.

Na praça,
os velhos faziam Cooper.
Os jovens dormiam há sombra,
ainda sob efeito da ‘balada’.
As crianças...
Bem; as crianças fazendo tudo
que os adultos gostariam de fazer.

Nas ruas, avenidas, estradas,
os veículos riscavam o asfalto.
Os transeuntes movimentavam-se
como num louco vai e vem de formigueiro.
E os ponteiros do relógio,
marcavam incansavelmente o tempo.

Mas aí veio o ocaso, atrasado,
(pelo horário de verão)
o sol caía como uma laranja gigante.
De crepúsculo a começo de noite, um pulo.
Pendura-se uma estrela ali, outra acolá,
Uma lua se desperta,
mais parecendo um grande queijo,
e fica lá, mansa,
suspensa no pico da serra.

A noite encomprida,
arrasta-se sonolenta e boêmia
mais uma vez para madrugada.
As pálpebras batem;
uma, duas, três, cada vez mais lentas.
Então o sono abre suas grandes asas
confortantes, dominantes,
soprando bafos de sonhos...

Mais uma vez cheguei tarde.
Psiu! Alice dormiu!
Flutua sobre as águas.
Navega sem mágoas,
de todas as suas dores.
Acho que sonha com os céus.
E justamente hoje,
justamente hoje
que eu queria dar-lhe a mão.
Mas vai amanhecer...

17 de setembro de 2010

APENAS MAIS UMA PRIMAVERA


Ah prevaleço-me de que se foi distante a minha aurora
e vejo que privilegiado sou ainda estar aqui contigo,
bom lembrar-me das belas e continuadas histórias,
tantas quantas me contavam da estação das flores,
que me inspira cantá-las, as dos meus tempos vividos.

percebo que aos sinais da finda e fria que antecede,
brotam tímidas e sem anúncio as violetas de lapela,
e as novas folhas das gramíneas e dos bambuzais,
arte da natureza, ensaiando a floração da primavera,
visto nos tenros brotos e botões esculpidos nos roseirais.

sem ranhetice fico aguardando ano após anos pacientemente
esse momento mágico e grande, sempre com aquele olhar menino;
e ver surgindo enfeitando os jardins; exuberantes gladíolos,
cravos, íris e jasmins rodeados de brancas margaridas,
esfuziante saudação setembrina, data incomensuravelmente bela.

nalguns arbustos, o vigor reflorestado para o tempo fruto,
nos galhos das amoreiras casulos se contorcem sem ais,
bailado frenético que culminará em explosão viva de belos seres
em voos numa variedade incalculável de borboletas tropicais.

é o ápice desses momentos vividos, único e indivisível,
campos, montanhas e serrados ganham pinceladas de cores,
nuances verde em dégradé e nos salpicos coloridos das flores.

na fábula da prudente formiga, desperta a cigarra novamente,
é a primavera aguçando o sentido do poeta que a saúda com seu canto,
não mais dorme, não mais chora, cessam as lágrimas do seu pranto
ficam só as cores das flores douradas pelo sol das tardes quentes.

fim da hibernação nos botequins aquecidos pelos conhaques
e das longas e negras noites, agora é céu estrelado em azul anil.
cessam as madrugadas frias, em conluio com as chuvas finas,
as almas abstêm-se de álcool, embebedam-se com o perfume do ar.
as bocas e os corações sorriem, é tempo de a alegria dominar,
tantas palavras ainda pra dizer, mas é apenas mais uma primavera.

26 de agosto de 2010

PRODÍGIOSO AMAR



quando encontro-me menino,
solitário com meus pensamentos,
vejo-te ainda;
quando atravessavas o portão principal
e caminhavas pela alameda em minha direção.

ficava ansioso por uma palavra tua,
uma resposta ao poema que eu fizera
na noite anterior. escrito as escondidas,
a lápis na folha pautada de caderno.

passavas escondendo o sorriso...
sorriso que pensava eu, ser um sim.
como sempre; a dúvida como resposta...

antes que sumisses entre os arbustos
coloridos dos hibiscos, e,
os perfumados manacás e jasmins,
mudo, meu olhar te acompanhava
embriagado pelo perfume
que deixavas pelo caminho,
olor das flores
que começara o bailado da primavera.

aquele era meu sublime momento,
quando as sombras das árvores do parque
eram cortadas pelos raios do sol da tarde,
iluminavam teus pés descalços,
e meus olhos brilhavam de ânsias
no teu andar sobre chão com rochas de mica,
passos cintilantes, luzinhas vivas
ofuscando o meu olhar juvenil,

olhar que eu achava ter perdido
quando penso hoje.
parece que foi ontem;
que eu sonhara que me beijaste.

eu que menti beijá-la tantas vezes
às vezes ainda gosto de mentir para mim
é assim que sorrio.

amanhã estarei aqui, esperando-te;
sentado neste mesmo banco de jardim
onde há sombra e os raios de sol
também esperam você passar,
para ver teus passos que brilham.

enquanto isso,
escrevo um poema de amor,
preferencialmente.

23 de agosto de 2010

PEREGRINO



os passos são testemunhos, marcaram
todos os caminhos que ele percorreu.
ah os pés cansados e doentes, caíram
e sangraram, pelo calvário das distâncias.

as vias dolorosas que o tempo preparou,
o fez sentir os sulcos cavados, profundos
sobre o chão, pelas intensas tempestades.
a dor é a paz que se instala e o entorpece.

pousadas terrenas não são destinos finais,
se ainda há mais inferno para atravessar.
a fé é o ópio que optou tomar e prosseguir,
remédio para sua alma antes atormentada.

passo a passo, segue na sua jornada, só,
corrigindo os pensamentos, os elementos;
céu, mar, terra e ar, deus, diabo, universo.
levita, não mais sente os seixos sob os pés.

as matas, os bichos, as cidades, os homens
agora são vistos de dentro das nuvens, voa
e das alturas sente-os dentro do coração,
purificação que alcançará desse flagelo.

o que deixou pelo caminho, experiências;
o amor, o ódio, o equilíbrio, a permanência
na renovada crença, desprovisão de revolta.
assim peregrino; avança, alcança a vivência e o fim.

18 de agosto de 2010

AS PEDRAS DA MINHA RUA


as pedras da minha rua estão morrendo;
morrerá junto o meu diário em pleno céu aberto.
espaço das imagens e palavras vivas, dos versos
que transcrevo com a conivência da minha pena,
e da janela do quarto no sobrado onde durmo.

páginas e páginas vão sendo preenchidas;
cheias de olhares e sentires,
flagrantes carnais,
e observações banais...

nelas vou anotando os pés que se arrastam;
uns ariscos, outros mórbidos, os mancos.
também os passos bêbados cambaleantes,
dos notívagos e dos boêmios inveterados.

anoto o pisar frenético diurno das gentes;
pontos virgulas xingamentos e exclamações
entre o passar contínuo e acelerado dos veículos,
as reticências nos riscos das bruscas freadas,
e a borra da borracha das fricções nas arrancadas.

tudo está destruindo as pedras da minha rua.
que adoeceram de tanto lixo. dos bichos soltos;
que sujam e enojam as pedras da minha rua;
indignada dos cuspos, escarros, mijos, fezes,
que fede e denigre as pedras da minha rua.

tristes estão as pedras da minha rua, envelheceram,
cortaram suas árvores que floriam, perfumavam,
e caídas, coloriam os granitos alisados pelo tempo,
e disfarçava os altos índices do ar poluído
agora; nem asseio, nem beleza e nem sossego.

as pedras da minha rua também tem medo,
e sede aterrorizada ante as sirenes e rajadas,
com as explosões das granadas, tiros traçantes,
balas traçadas, seqüestros relâmpagos, facadas...

por isso é que as pedras da minha rua choram;
pelas pobres almas que deixaram as marcas
das breves existências numa mancha de sangue,
e a dor numa densa poça alcalina de lágrimas.

as pedras da minha rua, de desgosto estão morrendo,
e junto, morrendo as gentes que ainda sabem dela.

vejo pela janela do quarto no sobrado onde durmo
e percebo essa decadência, essa agonia delirante
que transcrevo em poema, o drama e os gemidos,
das pedras da minha rua nesse caminho incessante.
sim, elas estão morrendo; as pedras da minha rua...




23 de julho de 2010

COLHEITA

ele queria morrer num sorriso teu...
digo; não porque isso parece poesia,
ou por que talvez alguém possa sofrer...

não; é que pressinto a morte do poeta,
o tempo urge ceifando o trigo maduro,
e o último poema ainda está por escrever.

ele sofre por não querer deixá-lo inacabado.
na pena, não há mais lágrimas, nem sangue.
imprescindível é teu sorriso neste momento.

sorria! faça com que o poeta vá sossegado.
envelheceu, e nem bebeu o tinto todo da taça.

22 de julho de 2010

PHILLIA

quero ter o seu abraço amigo
num tanto que tanto me falta,
somente um, teu, com afeto,
qual esta canção de abraçar
que sei, vem de destino certo.

com a conivência do poema,
exatamente neste instante ,
portanto em pleno voo;
eis que o abraço acontece.
voamos as terras distantes,
o olhar eternizando existências.

e lá, quiçá há felicidade,
nem que seja ‘faz de contas’
como é na nossa poesia,
que cega as más lembranças
e risca as palavras más,
sopra as nuvens sujas,
no lugar; brisa alba e fresca
quais as manhãs perfumada.

ah! vida bela, doce utopia,
têm janelas azuis abertas
que o vento do sul trespassa
as mechas dos teus cabelos,
e faz tuas asas flanarem
num abraço qual leve pouso.

22 de junho de 2010

EU ME CHAMAVA JOSÉ

http://www.youtube.com/watch?v=yE9ip-R9ezc
do alto de uma nuvem, eu,
José flutuava com espanto.
acima de mim havia santos,
as dores não mais havia,
eu não usava mais óculos,
e li, que escreveram na areia
que o meu nome era José.

no poema escrito, ficara:
‘parido duma mulher mãe,
que num cartório firmara,
por um homem dito pai,
desde quando criancinha. ’
junto com a história morreu;
José era esse nome o meu.

noutras nuvens em movimento,
num bailado; triste e lento.
ora arrastando-me ao ocaso
rodopiando sobre as labaredas,
eram as chamas do inferno.
que voltavam ligeiras, de ré
sombreando aquela praia que
na areia escreveram José.

José; muito assim fui chamado,
para suscitar dúvidas, arguido,
qual no poema de Drummond.
mas não confundam, não era eu,
o tal da festa acabada dita.
fui outro; um José menos amado.
amado, tão quanto fui odiado
por não professar una fé.

a poesia ficou;
‘eu me chamava José’.
o sonho acabou,
a vida acabou;
o poema chorou;
o mal não há mais;
a dor não há mais.
o José não há mais...

24 de maio de 2010

ANTEVÉSPERA DO POEMA

http://www.youtube.com/watch?v=Am84akD8zPY


sou como uma ilha, erma,
indivisível, bêbada no olhar.
deixando girar a minha volta
um mundo inalcançável.
abraçado pela imensidão do mar;
abissal,
anormal,
sobrenatural.

ando a soprar ao vento
palavras etílicas, loucas, indizíveis.

sou qual aquele homem
que veio só,
viveu só,
morreu só.
e deixou apenas
um olhar solitário,
por que a vida não o entendeu.

previa ser tudo...
foi até um semideus.
mais do que o quase nada
que sempre fui, sou ou serei.

‘o meu tempo não pára’,
não me ampara,
não repara os equívocos,
nem os danos irreversíveis.

só num curto tempo aclara;
quando já corroída a carne,
diluído sangue,
rompido ossos e cartilagens.
uma ilha inabitável.

Que dera
poder mandar parar o andar
dos malditos ponteiros
do meu relógio de pulso,
que segundo a segundo
faz questão de mostrar-se...

diacho!...
como é duro o fim.
deixar o amor, o amar,
a natureza, as coisas,
e também o próximo segundo...

esse maldito relógio de pulso...
deixo-o para quem quiser levar.
o poema sabe do que agora escrevo,
e do jeito amorfo de eu dizer as coisas,
talvez fugindo da realidade.
sei que remota é a esperança,
se ainda estou, é do que me injeto.
resistindo e morrendo... lentamente indo.
por ora; da poesia não me ejeto.

5 de maio de 2010

PROSEANDO COM MAMÃE


Mãe, deitado aqui no seu colo, como se ainda fosse o seu menino franzino,
faz-me lembrar de quando sempre voltávamos daqueles passeios matinais.
Apenas caminhávamos sem pressa. Tua mão balançando próxima ao meu rosto,
cheirava a ‘água de rosas’, macia, segurando ternamente a minha tão miúda.

Era uma coisa tão boa de sentir, o frescor, eu que ainda não sabia o que era amor.
Sorrio; pois aqueles seus gestos marcaram, sei hoje o que representam; disponibilidade,
carinho, proteção, segurança, solidariedade. Nunca senti faltar esse amor maternal.
Expressões de amor dadas não só momentaneamente, mas a todo tempo, todo...

Acredito que vêm talvez desde quando ainda atados fomos pelo cordão umbilical.
Disse-me que eu agitava-me, pulava dentro da sua barriga quando ouvia sua voz.
Acredito! Pois ainda hoje meu coração pula forte quando tenho sua presença, mãe.
Lembro quando de um perigo eminente, sua voz de alerta soava num tom diferente.

E refeito do sobressalto, suor frio de alivio, ficava ecoando como se uma terna canção
indescritível, suave como uma brisa do mar. Juro que saído da boca de uma santa.
Igual aquela, que ficava no altar do meio, e que parecia cantar na missa dominical.
Via-a, quando me levavas a igreja. Lá estava ela, inerte. Menos o olhar; seguia-me.

Custei a acreditar em você, quando me disseste que ela era mãe do homem na cruz.
Abominava-o olhá-lo, assim; pregado, ensanguentado, morto. Eu não gostava de ir lá,
mas; penduraram-no justamente a direita do púlpito, perto da pia de água benta.
Logo que se ultrapassa a porta da entrada principal da matriz. Deus está lá até hoje.

Descíamos as escadarias. Eu, de dois em dois degraus, brincando, correndo pela ladeira,
e para eu poder esquecer aquele Senhor Morto, ias contando histórias engraçadas.
Ah! Mãe! A da galinha que escondia seus pintinhos debaixo das asas, para protegê-los...
Desculpe-me! Não consigo me lembrar se era; da raposa, do lobo mau, ou do Boitatá.

Adorava escutar as tantas outras, eram como se asas me afagando, sentia-me até aquecido.
Da natureza, me fez acreditar que os girinos do lago da praça transformavam-se em rãs,
que as casuarinas não podiam crescer próximas ao poço, pois bebiam toda a água da terra,
e que o sol e as estrelas nunca apagavam, eram os nossos olhos que se fechavam pra dormir.

O tempo passou muito depressa, não é mãe, mas foi bom a gente ainda poder conversar...
Se a senhora pensava que eu não me lembrava disso... errou, mas tens todo o direito...
Já é tarde mãe!... Vou ter que ir embora agora! Peço sua benção!

Mãe
Mãe!
Olha só que lindo!...
Ela dormiu!

2 de maio de 2010

POESIA PARA UM LONGO AMOR

ah! se eu tivesse a certeza naquele momento
que a minha voz naquela noite seria ouvida
jamais teria demorado penetrar o meu olhar
retardando o brilho dos olhos teus em minha vida.

Amor, que prazer é ter você, bela presença
Como foi bom me cegar de amor minha querida
Desde a primeira vez, foi amor a primeira vista,
naquele salão de baile que dançamos a meia luz.

Ao ter que disputá-la com tantos outros olhares,
relembro com alegria de como tudo aconteceu,
e dizer nesse poema, quão somos inseparáveis.

Rogo preservemos essa delicadeza ao fim dos dias.
Somos, mas o tempo urge célere, sob nossos pés,
virão nossas rugas, com as quais sorriremos da nostalgia.

8 de março de 2010

MULHER, SIMPLESMENTE, MULHER



havia o perfume de mil flores,
no luar, fui ao jardim; pé ante pé.
vi entre as folhagens e os espinhos,
florindo, lá estava tu, Mulher.

Mulher é insubstituível fragrância,
preservada em frasco de cristal.
é cheiro, é cio, é pura essência,
faz-me tua presa, domínio sobrenatural.

se fome e sede, de ti que me sacio,
dos teus seios, do teu colo, é prazer.
sou homem e animal, na sua teia,
envolvido nos teus braços, e querer.

Mulher canção mor contagiante,
melodia para ninar os querubins.
é murmúrio de riacho na alcova,
é desejo, e unicamente pra mim.

21 de janeiro de 2010

FAÇO POESIA PORQUE EU NÃO POSSO DIZER QUE TE AMO



Meu coração grita você.
- Ame-a. Por favor. Clemência!
Anuncie o nome desse amor,
Depois de apor as reticências.

Peço-te. Grite, pois eu não posso,
É um senão, não é demência.
Por isso guardo aqui no meu peito
Todo esse sabor, de te amar.

Perdoe se o poeta é um brejeiro,
E que sorrateiramente flerta,
Fazendo-se às vezes de menino,
Para que você não o esqueça.

Quisera que o ontem fosse agora,
Que o tempo não tivesse hora,
Para o tanto que temos a dizer,
Segundo, passa a ser demora.

Não, não posso dizer que te amo
Como grita o meu coração
Por isso faço de você poesia
No clamor da minha paixão.

SEIXO ROLADO



Pisaste,
qual se pisa
em pedras soltas.
Com cuidado,
para não ferir
seus pés.

Eu,
ingênuo
em desalinho,
desenganado
de bem querer,
permiti
seu caminhar
sobre mim,
seixo rolado.

Vidas
desapegadas,
miseráveis vidas
sem amor,
sem projetos,
sem trajetos.

Fizemos de nós
meros objetos,
no fim,
nem restos...
nem restos.

19 de janeiro de 2010

LEIA ESTE POEMA PARA MIM... AMOR




Sim. Eu já vi o mar um dia,
com suas nuances esmeraldas e brancas espumas.
Lembro também do grande céu pintado de anil,
visitado por nuvens de algodão em correrias,
e a noite; subitamente riscada pelos astros cadentes
Da janela
eu ao luar;
acotovelado no avarandado, ao estrelado breu,
namorava-te de longe sob a brisa fresca do verão.
Minha visão não te perdia como apagada agora.
Sorrio. Que bom que ainda tenho o seu perfume.
Que bom!

Amávamos livres,
campeando os prados, e os vales esverdeados,
nosso mundo; era aonde o arco-íris nascia na terra,
meus olhos a sua procura eram ágeis caleidoscópios,
mas paralisavam-se ao tentar desvendar teu corpo.
Tempos de risos, quando tuas cores eu as absorvia.

Germinou o amor em mim,
quando vi teus cabelos balançarem a minha frente,
negros, de intensos brilhos adornando o teu rosto,
quais brilhos, que sei ainda têm os olhos teus.
Quando teus lábios carmim beijavam os meus,
um misto de pudor, receio e desejo, me invadia
em silencio, emocionado,
qual veneno delicioso inoculado.

Apaixonados,
tudo envolvia cores, suores, e os dias não tinham fim.
Mas urgiu o tempo, e com ele, a relevância das palavras,
das verdades que não mais vejo e que se fazem presente;

mais tátil que visto,
mais ouvido que visto,
mais sentido que visto;
descontroladamente... fácil,
sem nada ficar perdido,
nem aquele som colorido
inserido puro na tua voz.

Mesmo com essa nebulosidade definitiva,
o poema não perdeu a canção,
a poesia ainda é um pássaro cantante,
sei das suas melodias exóticas e mutantes,
e que suas asas flanam maestrando os versos,
beijam as flores, lembrando os amores.

Salvo o afeto que tenho por ti minha querida,
e pelo olhar que tens por mim amor; perdão,
perdão por quase teres que viver reclusa.
Desde que meu mundo nublou, tu és o farol,
meu norte, meu sul, meu leste e o ocaso.
Tua boca me diz o que não mais vejo.
Preciso dos teus olhos a enxergar por mim...

É tarde...
Antes de deitar-se, amor;
leia só mais este poema para mim.

17 de janeiro de 2010

E O POETA CHOROU...



O que viste de tão maldito assim no meu eu?
Porque queres ser incomensuravelmente mais,
se o que mais queres, e eu te dou, é amor.
Acaso teu olhar foi menos malicioso como agora?
Não!
Não foi...
Não sabes o que é paixão!

Tento desviar lentamente o meu olhar do teu
para esconder o meu rosto desgastado,
palhaço,
envergonhado,
como um menino e suas lágrimas,
mentindo como todo poeta mente o seu amar.
Entrego-me desgostoso aos seus vis julgamentos.

Se quiseres,
rasgo a minha máscara de servil amante,
E assim como um demente, me desfaleço aos teus pés,
Encorajado pelo amor,
mesmo que aches covardia,
mesmo que o meu pranto pra você seja excitante...
Sem você eu vou chorar.
Sei que vou chorar a todo instante.

MARCAS DE VERÃO



Meu olhar;

voou na madrugada até o seu amanhecer.

Minhas mãos, asas viajantes e exaustas,

antes absortas à pena e a folha de papel,

agora debruçam sobre teu desnudo corpo,

perfumado à Absinto e marcado de verão,

os sinais de prazer expostos ao meu olhar.



Meus dedos;

bêbados da boemia, atraídos pela sua poesia,

vão passeando nos teus róseos vales úmidos

e pelas sombras vivas das tuas entranhas,

aos espeleotemas nunca dantes explorados,

de virgem, ainda desprovida de gemidos.



É cedo;

enquanto o novo dia não chega até mim,

deixo vir o calor do sol que de mim emana,

abraço ternamente minha estrela da manhã,

e na nossa cama, habitat dos nossos amores,

jardim em flores, em constelação reluz.



Meu enredo,

é no nosso palco de amor, cores e cheiros,

gostos que nossas céleres línguas degustam

como animais selvagens livres na savana.



Só o brilho de ti reluz, estrela da manhã,

bela presença diurna no meu desejo afã.



Nosso enlevo;

esvai-se em versos, e nada mais é dito.

Explodem os sentimentos em festivais.

Nos teus negros cabelos, me emaranho,

tu nos meus, corpos em frêmitos, arranhos,

fazendo amor aos primeiros raios de luz.

Estrela e Sol brilhando num lindo ritual.

P R Ê M I O D A R D O S

P R Ê M I O     D A R D O S
Agradeço esta distinção significativamente importante. Pelo prêmio em si, incentivador, assim como; pelo grande prazer de eu ter sido indicado a recebê-lo por iniciativa da poetisa Helen De Rose, que vê no meu trabalho, a possibilidade das minhas modestas contribuições crescerem em prol da escrita, pelos contos, prosas e poesias.

EDIÇÕES, PREMIAÇÕES

'ANTOLOGIA' - "TRAGO-TE UM SONHO NAS MÃOS"

Poesia infantil: Plum, Ploc, Trec, Blem... Viva!

Poesia infantil: Fadas meninas

Poesia infantil: O nariz do pirilampo

Temas Originais Editora - Coimbra, Portugal, 2010



ANTOLOGIA DOS 7 PECADOS

Sobre a 'GULA' : Beijo, Goiabada e queijo

ESAG - Edição BlogToh - Barcelos - Portugal, 2010




ANTOLOGIA DE POETAS BRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS - 49° Volume

Poesia: Faço poesia porque eu não posso dizer que te amo

http://www.camarabrasileira.com.pc49.htm/ - Rio de Janeiro - RJ



ANTOLOGIA DE POETAS BRASILEIROS CONTEMPORÂNEOS – 46° Volume

Poesia: “Tango a La Rubra Rose” - 2008

www.camarabrasileira.com/pc46.htm - Rio de Janeiro - RJ



ANTOLOGIA DE POEMAS DEDICADOS Edição - 2008

Poesia: “Escrita vazia” - 2008
www.camarabrasileira.com/poemasdedicados2008.htm - Rio de Janeiro - RJ



ANTOLOGIA DE CONTOS FANTÁSTICOS -14° Volume Conto: “O mar está pra peixe, feliz Ano Novo” - 2008

www.camarabrasileira.com/contosfantasticos14.htm - Rio de Janeiro - RJ



ANTOLOGIA POÉTICA, POESIA DA METRÓPOLE

Poesia: "Comparação" - 1991


Litteris Editora - Rio de Janeiro - RJ



DECLARAÇÃO DE AMOR

'Prefácio' , 2010

Câmara Brasileira e Jovens Editores - Rio de Janeiro - RJ



EPISÓDIOS GEOMÉTRICOS (O Livro das Crônicas)

'Posfácio' , 2011

Temas Originais Editora - Coimbra - Portugal



I ENCONTRO DE ESCRITORES - ANDEF
'Palestrante', 2010
Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos

ENTREVISTAS - MENÇÃO QUALIDADE PROSA FEVEREIRO 2009

Site de Poesia

Luso-Poemas - Poemas de amor, cartas e pensamentos

Site de Poesia

Buffering...