Sou água de nascente,
saí da fenda que jazia seca, morta.
Sou o fruto do milagre ressurgido dos cascalhos,
escondidos entre os seixos e os parcos grãos de areia.
Sigo revolvendo partículas de chão... submersas.
Sou rio.
Vejo crescerem margens, renovadas,
com raízes à mostra e seus troncos mortos;
folhagens verdes e seus florais;
bichos, pássaros e seus ninhos.
Sou natureza,
sou rio querendo ser mar.
Nos barrancos, a reprise de imagens conhecidas,
refletindo nitidamente em minhas retinas,
sombras e reflexos de uma vida,
num único sopro de existência.
Planeta água.
Eu em movimento.
Sou rio querendo amar.
Aquele que fora um tênue filete d'água,
agora um velho e caudaloso rio,
que tenta correr entre as pedras.
Precipitando-se, de queda, em quedas,
debate-se, em direção do seu destino,
arrastando um desejo em pensamento:
de rio, um dia ser oceano,
ter um amor para amar no mar,
ou na foz desta minha poesia...
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