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18 de agosto de 2010

AS PEDRAS DA MINHA RUA


as pedras da minha rua estão morrendo;
morrerá junto o meu diário em pleno céu aberto.
espaço das imagens e palavras vivas, dos versos
que transcrevo com a conivência da minha pena,
e da janela do quarto no sobrado onde durmo.

páginas e páginas vão sendo preenchidas;
cheias de olhares e sentires,
flagrantes carnais,
e observações banais...

nelas vou anotando os pés que se arrastam;
uns ariscos, outros mórbidos, os mancos.
também os passos bêbados cambaleantes,
dos notívagos e dos boêmios inveterados.

anoto o pisar frenético diurno das gentes;
pontos virgulas xingamentos e exclamações
entre o passar contínuo e acelerado dos veículos,
as reticências nos riscos das bruscas freadas,
e a borra da borracha das fricções nas arrancadas.

tudo está destruindo as pedras da minha rua.
que adoeceram de tanto lixo. dos bichos soltos;
que sujam e enojam as pedras da minha rua;
indignada dos cuspos, escarros, mijos, fezes,
que fede e denigre as pedras da minha rua.

tristes estão as pedras da minha rua, envelheceram,
cortaram suas árvores que floriam, perfumavam,
e caídas, coloriam os granitos alisados pelo tempo,
e disfarçava os altos índices do ar poluído
agora; nem asseio, nem beleza e nem sossego.

as pedras da minha rua também tem medo,
e sede aterrorizada ante as sirenes e rajadas,
com as explosões das granadas, tiros traçantes,
balas traçadas, seqüestros relâmpagos, facadas...

por isso é que as pedras da minha rua choram;
pelas pobres almas que deixaram as marcas
das breves existências numa mancha de sangue,
e a dor numa densa poça alcalina de lágrimas.

as pedras da minha rua, de desgosto estão morrendo,
e junto, morrendo as gentes que ainda sabem dela.

vejo pela janela do quarto no sobrado onde durmo
e percebo essa decadência, essa agonia delirante
que transcrevo em poema, o drama e os gemidos,
das pedras da minha rua nesse caminho incessante.
sim, elas estão morrendo; as pedras da minha rua...




2 comentários:

Frederico Salvo disse...

E quantas coisas já lhe contaram as pedras da tua rua que têm guardadas aí para transformar em belos poemas?
Abração, amigo.
Frederico Salvo

José Silveira disse...

segredos guardados desde o tempo que os pequeninos pés de criança pisaram essas pedras, meu querido amigo e poeta Frederico. agora é o tempo do poeta vir resgatando essas memórias, antes que cabelos grisalhos nevoem mais... obrigado amiguirmão, meu fraterno abraço.
zésilveira

P R Ê M I O D A R D O S

P R Ê M I O     D A R D O S
Agradeço esta distinção significativamente importante. Pelo prêmio em si, incentivador, assim como; pelo grande prazer de eu ter sido indicado a recebê-lo por iniciativa da poetisa Helen De Rose, que vê no meu trabalho, a possibilidade das minhas modestas contribuições crescerem em prol da escrita, pelos contos, prosas e poesias.

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'Palestrante', 2010
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